RUAS DE BARROS - vida e obra de Manoel de Barros

SINOPSE DA PEÇA

Ruas de Barros narra o perfil biográfico do poeta Manoel de Barros através de seus próprios poemas, com ênfase em seu estilo de criação literária, denominado pelo próprio autor de “criançamento das palavras”.

Os mais importantes personagens presentes em seus livros aparecem materializados e são colocados em contato com o poeta. Desta maneira, os andarilhos Andaleço e Bernardo, o Menino-Poeta e a Anima-Mãe tornaram-se os eixos de relação do Poeta com sua história. Enquanto o Velho-Poeta viaja através da própria memória, o público acompanha através dos versos-diálogos, além de uma exposição do fazer literário do poeta, a narrativa da trajetória biográfica e intelectual de Manoel de Barros. A relação do poeta com seus personagens é intercalado por intervenções musicais e por canções cujas letras são poemas do próprio autor.

Exemplos de toda a obra do poeta permeiam este espetáculo de rua, que através de uma linguagem simbolista traz o humor e a poesia de um dos mais importantes poetas brasileiros vivos.


CONCEITOS DA ENCENAÇÃO

Ruas de Barros nasce na relação entre os atores e a poesia, entre a poesia e o teatro, entre o teatro e a música, e entre Manoel de Barros e o público. O espectador que vive, através dos versos do poeta, o "Homem Primitivo", o metafísico e o fazer poético. Encontros, que na verdade são camadas - desdobramentos do espaço de reflexão ativa entre o artista e a obra e entre a obra e o público.

A encenação é épica por excelência; uma viagem dentro das lembranças do Velho Poeta. Tudo acontece às vistas do público - “Perdoai, mas eu preciso ser outros” - e os personagens nascem desta personalidade múltipla do poeta: lembranças de sua infância, amigos concretos ou imaginários – pessoas reais e inventadas que ganharam vida na sua poesia e tomaram corpo na encenação. A vida contida no universo retratado nos poemas de Manoel de Barros expande-se em direção à metafísica da criação, ao jogo com o natural, ingênuo e apaixonado, em uma teatralidade imensamente imagética.

A direção considerou o evento da apresentação como uma viagem pelos sete portos que representam a trajetória do poeta. Para a encenação, materiais naturais são usados na criação dos ambientes. A concretização dos espaços se dá pela reutilização metafórica destes elementos: galhos que viram o chão do pantanal, cortinas que viram paredes, tecidos que viram rios, instrumentos musicais que viram papel, que ambientam a natureza, se transformam em trem, etc.

A direção de arte foi influenciada pelo bricolé dos cortejos e festas populares tradicionais, pela arte manufaturada em linhas, tecidos, colagens e aplicações de Artur Bispo do Rosário, evidente em alguns elementos de figurino e adereços. Artur Bispo não poderia deixar de ser referência, não apenas pela admiração de Manoel de Barros por este artista, mas por sua correlata poesia imagética. E assim, o contexto cultural regionalista do pantanal mato-grossense foi sublimado por uma abordagem mais universal.

A direção musical buscou o resgate da intuição, do lúdico, das coisas mínimas, do “criançamento” e da emoção. O universo ocidental do homem do campo, do homem do chão - desde os elementos climáticos até sons de animais - juntamente com melodias e ruidagem, foram trabalhados em colaboração com o elenco e ressaltam o caráter lúdico e simbólico do homem. Os instrumentos utilizados no espetáculo tem forte ligação com a cultura popular, há acordeons, violas caipiras, rabeca, cavaco e percussões, que na construção melódica e na textura musical buscam elementos harmônicos e dissonantes sendo reflexo da criação poética do Manuel que dá novos significados e imagens a coisas ínfimas ou como diria o poeta “as pequenas coisas do chão mijadas de orvalho”


FICHA TÉCNICA

Texto: Manoel de Barros

Dramaturgia e Direção: Frederico Foroni

Elenco: Antonia Mattos / Iris Yazbek / FREDERICO FORONI / Paulo Williams

Cenografia e Figurinos: CAROLINA BASSI

Direção Musical: Marcus Siqueira

Assistente de direção musical: Antonia Mattos

Produção: Grupo Chão da Cooperativa Paulista de Teatro


(...) Daqui vem que os poetas devem aumentar o mundo com suas metáforas.

Daqui vem que os poetas podem compreender o mundo sem conceitos.

Que os poetas podem refazer o mundo por imagens, por eflúvios, por afeto."

Trecho de poema de

Manoel de Barros musicado na peça


Clique aqui e veja o vídeo da peça no Youtube


FESTIVAL DE VERÃO DE IVINHEMA - MS -
FAZ HOMENAGEM A MANOEL DE BARROS EM SUA EDIÇÃO 2010
E CONVIDA RUAS DE BARROS

Ruas de Barros apresentou-se em Janeiro como convidado. Mais de 300 pessoas acompanharam a 1ª apresentação noturna da peça.

Veja as fotos: